O terrível acidente de trem sofrido pelo Fluminense em 1930

Foto do Fluminense em 1930. Foto: Divulgação.

Todos nós ainda nos lembramos do terrível acidente de avião que a equipe da Chapecoense sofreu em 2016. Não digo que isso aconteceu de forma semelhante ao Fluminense, mas o clube também poderia perder quase todos os seus jogadores num acidente também. Neste caso, no começo da temporada 1930, a equipe voltava ao Rio de Janeiro de trem, muito popular na época, quando o trem desgovernou e um dos jogadores, Jorge Py, tentou salvar todos os presentes. Infelizmente ele morreu.

Segue o trecho de uma reportagem da época, publicada no Blog do Marcão.

No dia nove de Março de 1930, um grave acidente de trem ocorrido quando o Fluminense retornava de um amistoso, onde esteve em disputa o Troféu Cidade de Theresopolis, matou o zagueiro de origem gaúcha Jorge Tavares Py. Na volta ao Rio de Janeiro a composição se desgovernou e Py tentou acionar os freios do vagão onde se encontrava para tentar minimizar os efeitos do acidente, porém, na primeira curva o trem deu um salto chocando-se violentamente contra um barranco.

Passados os primeiros instantes de terror os jogadores do Fluminense, embora feridos e sangrando, lançaram-se na tarefa de procurar e socorrer, entre pedaços de madeira e ferragens retorcidas, as crianças e senhoras e aqueles que mais necessitavam de auxílio. O então técnico da equipe, Luiz Vinhaes, com rapidez e energia, comandou a árdua tarefa do socorro às vitimas, demonstrando ser um comandante admirável.

Lamentávelmente Py, acabou perdendo a vida esmagado entre o barranco e o vagão com a cabeça transpassada por um pedaço de ferro. Teve morte instantânea. Enquanto os feridos retornavam, Luiz Vinhaes permaneceu ao lado do corpo de Jorge Py até o Rio de Janeiro. Superando o abalo emocional que atingiu todos os esportistas da época, o Fluminense honrou a gloriosa camisa Tricolor, levando a termo os seus compromissos no Campeonato Carioca daquele ano, muito embora tenha tido um desenpenho apenas satisfatório.

Aqui no blog já falei como o time do Fluminense quase foi dizimado com o surto de gripe espanhola em 1918. Este acidente terrível poderia até mesmo impedir o Fluminense de continuar seguindo adiante na temporada, não apenas pelo susto do acidente, mas também pelo fator emocional de perder prematuramente um dos jogadores (e com certeza, amigo) da equipe.

De acordo com o pesquisador sobre a História do Fluminense, Alexandre Magno Barreto Berwanger, ele divulgou um matéria da antiga Revista o Malho, sobre o acidente da época:

"Acidente de trem, em 9/3, com uma composição de seis carros saindo de Teresópolis. Jogadores do Fluminense, que haviam acabado de fazer um jogo, estavam entre os passageiros. Nas proximidades da Estação do Soberbo, um dos carros de passageiros saiu dos trilhos e atingiu o barranco. O maquinista e o foguista estavam entre as vítimas fatais. A matéria relata pânico entre os passageiros, corpos mutilados e muitos feridos. O socorro foi providenciado pelas pessoas da cidade, que correram ao local para acudir as vítimas, entre eles “...todos os médicos existentes nesta cidade, que com extrema dedicação prestaram os soccorros necessários”. Foram cerca de quarenta feridos (cujos nomes foram listados pelo jornal). Entre os mortos, duas crianças, Vera e Ainda, filhas do casal Costa Barros; o maquinista Manoel Virgínio da Silva, o vigia da fábrica Mogyana Llídio Alves, o atleta ‘beque’ do Fluminense, Aguinaldo Bastos; Jorge Py e o jornaleiro Francisco Santoro."

O Fluminense ficou fragilizado esportivamente. Segundo Alexandre, o acidente de trem acabou atrapalhando a preparação do time e fazendo com que disputasse o Carioca daquele ano em precárias condições, tomando algumas goleadas, inclusive, com os adversários pedindo para que o clube se retirasse da competição, mas ainda assim ele honrou as suas tradições e disputou todos os jogos. O Fluminense honrou seus compromissos a risca naquele ano.

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