quinta-feira, 24 de maio de 2018

Entrevista com Panorama Tricolor

Por FLUnômeno —

  • 13:05

    Hoje nosso entrevistado é Paulo-Roberto Andel: escritor de diversos livros do Fluminense e um dos fundadores/colunistas do Panorama Tricolor
    E mais uma vez entrevistamos o dono/criador de um dos sites mais conhecidos sobre o Fluminense na internet, o Panorama Tricolor. Tivemos a honra de entrevistar Paulo-Roberto Andel, autor de vários livros sobre o Fluminense. Conheça um pouco mais sobre o trabalho dele a frente do Panorama Tricolor. Confiram nossa entrevista exclusiva.

    1. Como surgiu a ideia do Panorama Tricolor?!

    Resposta: Escrevo em sites e blogs de futebol desde 2006. No ano de 2012, pertencia ao principal site de articulistas da época, o Fluminense & Etc, já como autor publicado, quando saí para outro blog.

    A experiência não deu certo e então resolvi fazer o meu próprio canto, para escrever às vezes, apenas isso. Só que fugiu ao meu controle e cresceu.

    Um amigo deu o suporte de TI, convidei outros para participar e aí estamos há seis temporadas, com mais de 220 programas de TV e cerca de onze mil páginas escritas sobre o Flu – se um dia virarem livro, entrará para o Guiness.

    2. Como funciona o trabalho de vocês?! Quantas pessoas existem na equipe do Panorama?!

    Resposta: Atualmente são doze colunistas fixos semanais, mais os colaboradores e a equipe de televisão, que dá umas 20 pessoas. A programação é diária, com ao menos uma postagem nova, salvo feriados e recessos. O programa de TV atualmente é quinzenal, devendo sofrer reformulações para 2019.

    Sobre o funcionamento, os cronistas são livres para escreverem o que quiserem e a maioria possui um dia fixo, desde que dentro dos princípios constitucionais. Exceto as resenhas de jogos, ninguém sabe exatamente o que virá no dia seguinte, o que acaba gerando uma surpresa permanente – não trabalhamos com notícias, apenas o blog parceiro Notícias Flu, nem as propaladas “infos”. Nosso foco é opinião, história e literatura.

    3. Pelo que vi, um dos fundadores, Paulo Roberto Andel, já escreveu alguns livros sobre o Fluminense. Poderia nos falar um pouco sobre estes livros?!

    Resposta: São 13 livros a saber, sendo nove de autoria individual e quatro coautorias: “Do inferno ao céu” (2010), “Duas vezes no céu” (2012), “1995: o Campeão do Centenário” (2013)”, "Pagar o quê?” (2014), “O Fluminense que eu vivi” (2015), “Cartas do Tetra” (2015), “O Fluminense na Estrada” (2016), “Onde você estava naquele inesquecível gol de barriga?” (2016), “Onde as três cores são nome” (2017), mais a série de e-books gratuitos “Roda Viva” (volumes 1, 2, 3 e 4, 2017-2018), estes disponíveis para download no próprio PANORAMA. Isso afora outras participações, prefácios e a participação no livro oficial do clube “O Fluminense somos todos nós” (2016).

    Imagens de alguns dos livros de Paulo-Roberto Andel. Imagem cedida pelo Panorama Tricolor - Divulgação.
    Os livros tratam de algumas grandes conquistas tricolores (os primeiros livros lançados no país sobre os títulos de 2010 e 1995 são meus), histórias de quem viveu 40 anos nas arquibancadas desde os anos 1970, conversas com celebridades tricolores, poesia e, por fim, a defesa institucional do clube, caso específico de “Pagar o quê?”, um livro que causou profundo incômodo em estúdios e redações sempre contra o Fluminense, uma vez que trata do tema “virada de mesa” e repagina mais de quatro décadas de histórias nebulosas do futebol brasileiro.

    4.   Por conta de um desses livros, aconteceu um processo do Fluminense por reclamação de uso devido de uma imagem. Poderia nos falar como foi o desfecho dessa história?!

    Resposta: Importante esclarecer: em nenhum momento o Fluminense moveu qualquer processo contra a minha pessoa ou a Editora 7Letras, que me contratou à época, muito pelo contrário.

    O que aconteceu foi que um ex-funcionário do clube, em flagrante desrespeito à Lei Pelé (9.615/98 – art. 42) e praticando deliberada obstrução à Justiça (omitindo seu vínculo empregatício CLT com o clube para ferir-lhe o direito de propriedade de imagens, previsto na referida lei, além de mentir sobre seus rendimentos pessoais para obter gratuidade judicial), entrou com uma ação exigindo uma fortuna pela suposta manipulação de uma imagem que, pela lei, sequer lhe pertencia. A má fé foi tamanha que o artista gráfico, contratado pela editora, estava creditado na obra e não foi sequer mencionado, nem nunca fomos procurados para qualquer entendimento que se fizesse necessário. Mas o pior de tudo, tudo mesmo, foi a reivindicação de destruição da obra literária, ato que só encontra eco em regimes totalitários e em momentos abomináveis da história da Humanidade (também citados pelos Fluminense em sua petição), tais como a Inquisição e a ascensão da “New Order” de Adolf Hitler.

    O que o Fluminense fez, isso sim, foi entrar em 2017 como terceiro interessado na ação, agindo em minha defesa, onde enfatiza a má fé do ex-funcionário no processo e me agradece (novamente) pelos serviços prestados à causa literária do clube. Já o tinha feito em 2014, quando orgulhosamente recebi o título simbólico de torcedor ilustre do clube, em Sessão Solene do Conselho Deliberativo por ocasião de seu aniversário.

    O processo continua em andamento na Justiça. Todos os seus passos podem ser conhecidos nos links abaixo:




    5. E ainda sobre livros. Existem algum novo livro a caminho?!

    Resposta: Bom, alguns. Talvez vários, não somente meus, mas de toda a equipe também. Antonio Gonzalez, querido amigo e referência do clube, trabalhou conosco e lança seu livro tricolor no segundo semestre, assim como o jornalista Paulo Rocha, craque da nossa equipe com passagem por diversos veículos de comunicação.  

    Paulo-Roberto Andel e Gilberto Gil. Imagem cedida pelo Panorama Tricolor - Divulgação.
    Na verdade, já tenho cinco ou seis prontos, que poderiam ir para a revisão hoje, mas eles serão lançados aos poucos, até porque preciso dar conta da minha carreira literária fora do futebol (que conta com outros seis livros lançados e outros dois no prelo). E sempre surge algo pelo caminho, uma parceria ou algo assim. O meu verdadeiro primeiro livro tricolor, que nunca foi publicado, deve sair do forno até 2019 e tem histórias emocionantes e inéditas de grandes personalidades tricolores falando sobre o Flu, algumas que inclusive já não estão mais entre nós – algumas pequenas pílulas desta obra eu mencionei em “Roda Viva 4: eu e eles”, que pode ser baixado gratuitamente no link abaixo:



    Importante dizer que o Fluminense é o recordista de títulos literários dentre os clubes de futebol na América Latina, e o PANORAMA teve uma participação bastante relevante neste aspecto. A maior parte do Estado-Maior da literatura tricolor já colaborou ou colabora conosco. Hoje, nossa equipe soma 13 escritores publicados, tanto sobre o Fluminense quanto na literatura em geral, e isso dá ao PAN uma credibilidade enorme.


    6. Nunca vi um canal sobre o Fluminense com tantos vídeos quanto do Panorama. Existe a previsão de lives também?! Além disso, existem novidades vindas por aí?!

    Resposta: Talvez não tenha no futebol brasileiro (risos), ao menos feito voluntariamente por torcedores. São 224 programas de TV desde julho de 2012, mais os especiais, o que deve dar em torno de 300. Um período historicamente rico do clube, para o bem e infelizmente para o mal também. Tudo feito com dinheiro do bolso da equipe e alguns apoios logísticos, mais nada.

    Já tivemos rádio ao vivo e, futuramente, a ideia é de ter lives sim. Ainda não encaixamos o formato ideal, temos estudado o assunto com carinho, é possível que em 2019 já aconteça, pois muita gente nos pede isso.


    7.   Falando sobre o Fluminense, o que vocês podem me dizer sobre ano de 2018 do clube. Será que o Tricolor poderá brigar por títulos?!

    Resposta: Bom, torcemos sempre pelo Fluminense e o clube tem a tradição de ter conseguido muitos títulos com times inicialmente desacreditados. Vivendo inúmeros problemas fora de campo, o Tricolor tem feito uma campanha digna neste primeiro semestre.

    Contudo, temos alguns problemas graves que precisam ser combatidos/resolvidos: a) o caixa em situação grave e, consequentemente, a luta para não perder jogadores importantes na janela de transferências; b) a escassez de peças de reposição, sempre necessárias para quem quer disputar títulos ou, ao menos, se classificar para a Copa Libertadores; c) resgatar a torcida e trazê-la de volta ao estádio, sem se limitar a palavras de ordem (o time está muito bem agora, mas a diáspora tricolor vem de muitos anos, desde que viramos nômades, sem ter uma referência no Rio); d) investigar a fundo todos os problemas do clube, de modo a saneá-lo de verdade; e) eliminar esse ódio estúpido alimentado via internet, com claros interesses pessoais e finalidades eleitorais em 2019, que tem afastado os tricolores uns dos outros; f) conseguir uma expressiva linha de crédito para que o Fluminense possa se realinhar economicamente e respirar.

    Se todos esses itens fossem contemplados, eu não teria a menor dúvida de que o Flu seria um sério candidato ao título do Brasileiro e da Sul-Americana. Por ora, eu prefiro um passo de cada vez, um degrau de cada vez, vencer a Chapecoense no próximo sábado e continuar na parte de cima da tabela. Vamos ver no que dá.

    Tomara que o segundo semestre também seja positivo dentro das quatro linhas. Fora delas, ando com certa desesperança, mas, até contraditoriamente, penso que nunca é tarde em mudar para melhor.

    8. Segundo nossos registros, o Panorama Tricolor acabou sendo o sexto maior site do Fluminense no fim de 2017. Existem novidades que a galera tricolor pode esperar acessando o portal?!

    Resposta: Uau, que legal! Muito grato, é uma honra.

    Bom, sinceramente nosso trabalho não é calcado em “maior” ou “menor”, não fazemos absolutamente nada neste sentido, mas sim de produzir um grande livro dos dias da história do Fluminense, e é o que temos feito. Tanto que abrimos mão da busca por likes através de notícias (algumas, entre aspas mesmo). Fizemos um blog diferente, bem diferente, esse era o objetivo desde sempre.

    Flunômeno: sim, eu percebi isso!

    9.   Existem vagas para colunista do Panorama, e o que a pessoa PRECISA FAZER se quiser se tornar um novo colunista?!

    RespostaAlguns colegas já escrevem há muitos anos conosco, outros foram indicados por gente da casa, outros entraram em contato solicitando uma oportunidade. Avaliamos cada caso.

    O primeiro ponto é, sem dúvida, qualificação técnica. Currículo. Excelente texto, fluência, conhecimento sobre a história do clube também são fundamentais. Regularidade, idem. Ser um autor publicado ajuda muito, desde que a produção tenha qualidade reconhecida.

    Segundo: excelente relacionamento interpessoal. Qualidade técnica à parte, o PANORAMA é um blog de amigos, que joga junto. Quem não tem espírito de equipe não tem vaga. Idem para respeito ao Fluminense, às divergências de opinião e às pessoas em geral. Trata-se de uma construção coletiva; se assim não fosse, eu escreveria sozinho e o nome seria “Blog do Paulo Andel”, mas sempre quis trabalhar em grupo. Até mesmo os textos mais críticos não podem abrir mão disso. No passado, foi preciso banir pessoas que demonstraram incapacidade de convivência em grupo e de respeito, de modo que aprendemos com os erros e não vamos repeti-los. Trata-se de um clube simples, modesto, de respeito, porém absolutamente seleto.

    Estão descartados: a) panfleteiros eleitorais; b) nanocelebridades de internet; c) promotores do ódio.

    De resto, é só falar com o editor sem compromisso.


    10. Como você enxerga o Fluminense nos próximos anos?


    Resposta: O Fluminense vai viver, o Fluminense continuará a navegar.

    Nada completa 116 anos à toa.

    No entanto, a grande pergunta é: como o Flu vai navegar?

    Todo cuidado é pouco e, por mais que o clube tenha vindo do começo do século passado até aqui, o que nos garante que chegará incólume ao começo do século XXII? Provavelmente falo aqui para torcedores mais jovens e posso atestar: quando criança, em fins dos anos 1970, eu fui ao Maracanã algumas vezes vendo o America do outro lado com bandeirão gigante e sua torcida maior do que a nossa. Onde está o querido e respeitável America?

    Entendo que é preciso uma mudança generalizada: no clube, nas arquibancadas, nas finanças caóticas, na essência. O único lugar onde não precisamos mexer muito neste momento, por incrível que pareça, é o campo (com três reforços de boa qualidade, o Flu brigaria de igual para igual com todos os elencos multimilionários do futebol brasileiro). É fazer de Xerém cada vez mais a nossa fábrica de jogadores, mas trabalhando pelos retornos esportivo e financeiro.

     Aquela velha expressão, “fidalguia tricolor”, precisa ser resgatada. Agrupar as pessoas, cativá-las, resgatar o velho espírito de equipe e banir os ódios – o hater é, acima de tudo, um incompetente que utiliza o ódio porque não tem mais nada de útil a dizer ou demonstrar. Pode pegar a lista de todos os que andam por aí mendigando atenção na internet às custas do ódio travestido de opinião: quem tem realmente currículo de verdade para servir ao Fluminense? Ninguém! Qual é o passado dessas pessoas? De onde vieram? É preciso saber.

    Trazer mais sócios para o clube e realmente inseri-los no processo político, não como simples massa de coeficiente – ou manobra eleitoral. Não basta apenas o direito de voto, é preciso muito mais do que isso. Como um cidadão tricolor, eu quero ser ouvido e não apenas convocado a apertar o botão de uma urna eletrônica.  

    Os melhores nos melhores postos. Quem entende de torcida? Traz! Quem entende de arte, cultura e história? Traz! Quem conhece o clube de verdade, por dentro? Traz! Quem é capaz de trazer grandes parceiros econômicos para o Fluminense? Traz! Quem é capaz de ter boas ideias para agregarmos e expandirmos nossa torcida com ações práticas? Traz!

    É preciso extinguir de vez TODAS as picuinhas politicas e libertar o clube de todos os seus feudos, todos sem exceção! Enquanto a discussão menor prevalecer, o casuísmo, a baixa politicagem, a falta de transparência dentro e fora do clube, ele jamais terá o tamanho que todos nós, ou quase todos, queremos. Acima de tudo, responsabilidade dos eleitores em 2019, sem velhas reprises ou falsas novidades que sempre foram do stablishment. E não adianta se escorar em anglicismos feito CEO, Manager etc: o Fluminense precisa de GENTE, gente que saiba ouvir, saiba aceitar sugestões e críticas, saiba apoiar e tenha atitude. Está faltando gente na acepção da palavra. Conheço muitos tricolores fundamentais para o clube que não são ouvidos em nada.

    Na arquibancada, precisamos voltar a ser permanentemente a torcida unida, que joga junto sempre, sem vaidades pueris, daquela que encantava qualquer criança para sempre com sua liturgia: as bandeiras entrando juntas, a nuvem imortal do pó de arroz, a sensação de pertencimento. Com senso crítico sempre, é bom que se diga: torcida não é claque, nem nunca será. Mas quando a coisa é conduzida com serenidade, honestidade, diálogo e principalmente transparência, duvido que a torcida não compre a briga e apoie.

    O clube precisa ser a casa dos tricolores, de apreço, e não um logradouro que faz o favor de recebê-los. Precisa ser uma referência, daquelas que todo torcedor nosso diga para o outro “Vamos dar um pulo por lá hoje?”.

    Tudo isso precisa partir da direção do Fluminense. Ela, e somente ela, tem o poder para levar o clube ao patamar que sonhamos. E para que isso aconteça, é preciso que os dirigentes sejam mesmo compromissados com o futuro, colocando o Flu acima de suas vaidades pessoais e nichos políticos. Sem isso, sofreremos e colocaremos em sério risco as arquibancadas de nossos filhos e netos. Aliás, isso já está acontecendo agora.


    Considerações Finais

    Muito obrigado pela oportunidade, será um prazer recebê-los na TV PANORAMA.

    Que os tricolores deixem de lado os boçais que semeiam o ódio, venham de onde vierem. Que pesquisem, que se informem sobre quem é quem. Não contem comigo para o ódio: tenho mais o que escrever.

    Que o nosso time desafie definições neste 2018 e vá bem mais longe do que imaginávamos em janeiro passado.

    Saudações Tricolores, abraço.

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     @PanoramaTri