quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Foi num "Clássico Vovô" que surgiu o Fair Play

Por FLUnômeno —

  • 18:54

    Foto: Fonte Desconhecida (Divulgação)
    OBS: "Fair Play" é quando um jogador joga a bola para fora de campo, para que o jogador adversário possa ser atendido. Logo depois, o time adversário devolve a bola pro time. Não é uma regra oficial do futebol, mas é usado como regra de ouro por questões de camaradagem.

    Transcorria um disputado Fluminense x Botafogo, pelo Torneio Rio-São Paulo, em 27 de março de 1960. Alguns dos maiores ídolos da história tricolor estavam em campo: Castilho, Pinheiro, Altair, Waldo e Telê, entre outros. O pó-de-arroz acabaria sendo o campeão do torneio. No lado do Botafogo, estava Garrincha, e somente isso já justificaria a presença dos 32.653 pagantes daquele jogo. Os dribles do Mané arrebatavam de emoção as multidões. Até os torcedores adversários se rendiam em aplausos.

    Porém, nesse clássico-vovô de 1960, foi uma atitude louvável do Anjo das Pernas Tortas que chamou a atenção de todos. No início do segundo tempo, Pinheiro (do Fluminense) disputou uma bola com Quarentinha (do Botafogo), e caiu com distensão muscular. A bola sobrou limpa para Garrincha, que tinha o caminho livre para o gol. O que fez Garrincha, nesse momento sublime? Chutou a bola, de forma proposital, para a lateral, para que o zagueiro tricolor fosse atendido. O jornalista Mário Filho, nas tribunas, se empolgou: "é o Gandhi do futebol", exclamou ele.

    O lance já teria sido belo e eterno se parasse por aqui. Porém, houve uma continuação épica, que mudaria para sempre o destino do futebol mundial. O tricolor Altair, encarregado da cobrança do lateral, simplesmente deixou a bola quicar. Ele percebeu que aquela posse de bola pertencia ao Botafogo, e não ao Fluminense. Assim, com esse gesto nobre, fez justiça com as próprias mãos. Todos no estádio entenderam a mensagem, e aplaudiram o lance.

    Dessa forma, Garrincha e Altair inventaram o fair-play. O jogo terminou 2 a 2. "Tal partida não merecia produzir um perdedor", diz Ruy Castro, em seu livro 'Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha'.